Lipomatose Epidural

lipomatose epidural

Lipomatose Epidural

Lipomatose Epidural – Excesso de Gordura na Coluna

A lipomatose epidural é uma condição relativamente rara caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura (tecido adiposo) e pode ocorrer em qualquer parte da coluna, embora seja mais comum na região torácica e lombar, no espaço epidural da coluna vertebral e com maior ocorrência nos homens.

Existem vários tipos de lipomatose (acúmulo de gordura) classificadas de acordo com a região afetada: abdominal, pancreática, renal, difusa (no corpo todo). Quando ocorre na coluna é denominada lipomatose epidural.

O espaço epidural é a área que fica entre a estrutura nervosa que envolve a medula espinhal e a parede do canal vertebral.

 

espaco epidural
Espaço epidural

 

Quando ocorre o acúmulo de gordura nesse espaço, leva ao espessamento da camada epidural e, por consequência, a compressão progressiva da medula espinhal e das raízes nervosas, causando a dor na coluna e outros sintomas neurológicos.

 

lipomatose epidural
Lipomatose epidural e compressão da medula
(Atributos da imagem: Hellerhoff, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons)

 

Lipomatose Epidural: Causas

A lipomatose epidural tem origem idiopática, ou seja, o que leva ao acúmulo nessa região específica é desconhecido, mas observa-se várias causas para a gordura epidural.

1. Obesidade

A obesidade é um dos principais fatores de risco para a lipomatose epidural.

A causa para o aparecimento da gordura na coluna é geralmente o excesso de peso, devido a fatores genéticos, desequilíbrio hormonal ou hábitos de vida sedentários e dietas ricas em gorduras e calorias que predispõem o desenvolvimento da obesidade.

2. Certos tipos de medicamentos

O uso prolongado de corticosteróides, como nos pacientes que necessitam utilizá-los por longos períodos nos casos de doenças inflamatórias crônicas ou autoimunes, têm maior risco de desenvolver lipomatose epidural.

Além dos corticosteróides, outros medicamentos podem contribuir para o acúmulo de gordura epidural. Por exemplo, medicamentos para o tratamento de HIV e anabolizantes.

3. Altos níveis de cortisol

A exposição prolongada a altos níveis de cortisol, um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais. Pode ser causada por tumores hipofisários, tumores adrenais ou uso prolongado de corticosteróides e levar à Síndrome de Cushing – sendo a lipomatose epidural uma complicação comum desta síndrome.

Distúrbios metabólicos

Condições como diabetes mellitus e dislipidemia (níveis anormais de lipídios no sangue) também estão associadas a um maior risco de lipomatose epidural.

 

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Luciano Pellegrino – Doctoralia.com.br

Sintomas da Lipomatose Epidural

Os sintomas da lipomatose epidural podem variar amplamente, dependendo da localização e extensão do acúmulo de gordura no espaço epidural e da gravidade da compressão da medula espinhal e das raízes nervosas.

Abaixo estão os sintomas mais comuns associados à lipomatose epidural:

Dor nas Costas: é um sintoma comum a dor lombar e torácica, sendo esta última a mais prevalente.
A dor pode ser persistente e piorar com o movimento ou atividade física.

Radiculopatia: dor que se irradia ao longo do trajeto das raízes nervosas comprimidas, geralmente descrita como uma dor em queimação ou aguda.
Na região lombar, isso pode causar dor que se estende para as pernas (dor ciática).
Na região torácica, a dor pode irradiar para o abdômen ou peito.
Embora menos comum ainda, quando a região cervical é afetada, os sintomas costumam ser sentidos como dor no pescoço e fraqueza, dormência ou disfunção motora nos ombros, braços e mãos.

Fraqueza Muscular: a compressão das raízes nervosas ou da medula espinhal pode levar a fraqueza nos músculos inervados pelos nervos afetados. Isso pode afetar a capacidade de andar ou realizar atividades diárias.

Parestesia: sensações anormais, como formigamento, dormência ou “alfinetadas e agulhadas”, frequentemente nas extremidades.

Perda de Sensibilidade: redução ou perda da sensibilidade tátil, térmica ou dolorosa nas áreas inervadas pelos nervos comprimidos.

Alterações Motoras: dificuldades na coordenação e no controle motor fino, podendo afetar a destreza manual ou a capacidade de realizar movimentos precisos.

Disfunção Urinária/ Intestinal: problemas no controle da bexiga, que podem incluir incontinência urinária ou retenção urinária, bem como, alterações no controle intestinal, como constipação ou, em casos graves, incontinência fecal.

Claudicação Neurogênica: dor e fraqueza nas pernas que ocorrem ao caminhar e melhoram com o repouso, frequentemente associadas à compressão dos nervos da região lombar.

Síndrome da Cauda Equina: uma condição emergencial que pode ocorrer com compressão severa na parte inferior da coluna, levando a perda de função dos nervos que controlam o intestino e a bexiga, além de fraqueza e dormência nas pernas.

Lipomatose Epidural: diagnóstico diferencial é necessário

O diagnóstico da lipomatose epidural pode ser desafiador devido à variedade dos sintomas e à raridade da condição.

Os sintomas da lipomatose epidural podem se sobrepor com outras condições que causam compressão medular ou radicular, como hérnia de disco, estenose do canal vertebral, tumores espinhais e doenças degenerativas da coluna.

Portanto, é essencial um diagnóstico diferencial do médico especialista em coluna com uma avaliação clínica do histórico do paciente e dos exames solicitados para a investigação da causa.

A Ressonância Magnética é o principal exame para diagnosticar a lipomatose epidural. Ela fornece imagens detalhadas da coluna vertebral e do espaço epidural, permitindo a visualização do acúmulo de gordura e qualquer compressão resultante da medula espinhal.

Em casos onde a lipomatose epidural está associada a condições metabólicas ou endócrinas, os exames laboratoriais são úteis, fornecendo dados dos níveis de cortisol, perfil lipídico e glicemia, entre outros, ajudando a identificar possíveis causas subjacentes.

Qual o Tratamento para Lipomatose Epidural?

O tratamento da lipomatose epidural depende da gravidade dos sintomas, da região afetada e da presença de condições subjacentes que possam ser tratadas.

Ressalta-se dizer que pode se apresentar de forma assintomática, ou até mesmo, estagnar ou desaparecer sozinho.

Tratamento Conservador

Para casos leves ou moderados, o tratamento conservador pode ser suficiente. Isso pode incluir:

Perda de peso: em pacientes obesos, a redução de peso com dietas e exercício físico para diminuir o acúmulo de tecido adiposo no espaço epidural e aliviar os sintomas.

Administração das condições subjacentes: o tratamento de condições como a Síndrome de Cushing, diabetes e dislipidemia pode ajudar a reduzir a lipomatose epidural. Isso pode envolver ajustes na medicação, mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico rigoroso.

Fisioterapia e RPG: a fisioterapia melhora a mobilidade e corrige a postura, reduzindo a dor e melhorando a qualidade de vida.

Tratamento Cirúrgico

Pouco necessária, apenas em casos graves onde há compressão significativa da medula espinhal e sintomas neurológicos severos, a cirurgia da coluna pode ser necessária para a descompressão dos nervos e aliviar a pressão sobre a medula espinhal e as raízes nervosas.

A técnica específica dependerá da localização e extensão da lipomatose epidural.

As opções que podem ser utilizadas pelo cirurgião da coluna podem ser:

Cirurgia Minimamente Invasiva da Coluna: engloba uma gama de procedimentos modernos que, como o próprio nome sugere, com menos dano ao corpo, riscos ao organismo e recuperação mais rápida. Dentre eles, destaca-se a endoscopia da coluna para a descompressão dos nervos.

Laminectomia: é uma intervenção cirúrgica para a remoção de parte do arco vertebral (lâmina) para aumentar o espaço ao redor da medula espinhal e aliviar a compressão.

Há, também, a laminectomia tubular – um procedimento minimamente invasivo, onde são inseridos pequenos tubos para dilatar a musculatura.

Artrodese da Coluna: para casos mais graves, onde há comprometimento da estabilidade da coluna, devido ao estreitamento do canal vertebral.

Para pacientes com lipomatose epidural associada a outros distúrbios como a Síndrome de Cushing, por exemplo, o tratamento endócrino é fundamental para a condução mais específica do caso.

A lipomatose epidural é uma condição complexa que pode levar a sintomas neurológicos significativos devido à compressão da medula espinhal e das raízes nervosas na coluna vertebral.

Através da gestão de fatores de risco e de condições subjacentes, é possível prevenir e tratar eficazmente essa condição.

Caso você suspeite ter lipomatose epidural ou apresente outras condições, procure o especialista da coluna.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

 

Publicações científicas:

Sociedade Brasileira de Coluna – https://www.coluna.com.br/
AO SPINE – https://aospine.aofoundation.org/
Sociedade norte americana de cirurgia de coluna – https://www.spine.org/

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